segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A RELEVÂNCIA DA REFORMA PROTESTANTE


João Calvino, Reformador Francês

Hoje, 31 de Outubro, nós, cristãos reformados, e em particular, presbiterianos, comemoramos a Reforma Protestante. Para retratar sua relevância, transcrevo aqui um belíssimo texto de Alderi Souza de Matos, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, cuja leitura é de peculiar agradabilidade.


A RELEVÂNCIA DA REFORMA

Alderi Souza de Matos

A Reforma Protestante do século XVI foi um fenômeno variado e complexo, que incluiu fatores políticos, sociais e intelectuais. Todavia, o seu elemento principal foi religioso, ou seja, a busca de um novo entendimento sobre a relação entre Deus e os seres humanos. Nesse esforço, a Reforma apoiou-se em três fundamentos ou pressupostos essenciais:

1. A centralidade da Escritura

Os reformadores redescobriram a Bíblia, que no final da Idade Média era um livro pouco acessível para a maioria dos cristãos. Eles estudaram, pregaram e traduziram a Palavra de Deus, tornando-a conhecida das pessoas. Eles afirmaram que a Escritura deve ser o padrão básico da fé e da vida cristã (2 Tm 3.16-17). Todas as convicções e práticas da Igreja deviam ser reavaliadas à luz da revelação especial de Deus. Esse princípio ficou consagrado na expressão latina “Sola Scriptura”, ou seja, somente a Escritura é a norma suprema para aquilo que os fiéis e a Igreja devem crer e praticar. Evidentemente, tal princípio teve conseqüências revolucionárias.

2. A justificação pela fé

Outro fundamento da Reforma, decorrente do anterior, foi a redescoberta do ensino bíblico de que a salvação é inteiramente uma dádiva da graça de Deus, sendo recebida por meio da fé, que também é dom do alto (Ef 2.8-9). Tendo em vista a obra expiatória realizada por Jesus Cristo na cruz, Deus justifica o pecador que crê, isto é, declara-o justo e aceita-o como justo, possuidor não de uma justiça própria, mas da justiça de Cristo. Essa verdade solene e fundamental foi afirmada pelos reformadores em três expressões latinas: “Solo Christo”, “Sola gratia” e “Sola fides”. Justificado pela graça mediante a fé, e não por obras, o pecador redimido é chamado para uma vida de serviço a Deus e ao próximo.

3. O sacerdócio de todos os crentes

A Igreja Medieval era dividida em duas partes: de um lado estava o clero, os religiosos, a hierarquia, a instituição eclesiástica; do outro lado estavam os fiéis, os leigos, os cristãos comuns. Acreditava-se que a salvação destes dependia da ministração daqueles. À luz das Escrituras, os reformadores eliminaram essa distinção. Todos, ministros e fiéis, são o povo de Deus, são sacerdotes do Altíssimo (1 Pedro 2.9-10). Como tais, todos têm livre acesso à presença do Pai, tendo como único mediador o Senhor Jesus Cristo. Além disso, cada cristão tem um ministério a realizar, como sacerdote, servo e instrumento de Deus na Igreja e na sociedade. Que esses princípios basilares, repletos de implicações revolucionárias, continuem sendo cultivados e vividos pelos herdeiros da Reforma.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

BIBLIOTECA BÁSICA DO INTELECTUAL DE DIREITA

Livros... Eis o vício perfeito: leva todo o teu dinheiro, tira tuas noites de sono, bagunça todo o seu quarto e a sua casa, mas no final te faz um excelente caráter. Que me chamem de burguês, de direitista ortodoxo, de aristocrata, de elitista, não me importo. Mas não abro mão, jamais, do conhecimento amplo, da crítica e da análise social imparcial, desinfetada de concepção partidária e ideológica. Afinal, ideologia só a esquerda é que quer uma para viver...

Aqui, aponto alguns livros que reputo essenciais para a consolidação cultural e intelectual, básica, para quem busca compreender os fatos sociais e a política, pela ótica conservadora, e que compõe meu acervo básico, atualizado, representando parte de minha base intelectual, política, social e cultural.


SALAZAR, de Felipe Ribeiro de Menezes. 
Uma excelente narrativa sobre a trajetória política, cultural e particular de um dos mais notáveis homens da história europeia, a partir de Portugal, do ultimo século. 

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SARNEY, A BIOGRAFIA, de Regina Echeverria
Reporta a vida, a trajetória e a presença de um dos mais notáveis e antigos parlamentares brasileiros em exercício, na atualidade, retratando sua vida política e particular, bem como sua atividade literária.  
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A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO, Marx Weber
Uma visão sociológica da razão pela qual o Protestantismo está associado ao capitalismo, transformando este sistema econômico na mais perfeita forma para a convivência comercial e econômica humana. 

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O PROCESSO, Franz Kafka
 O escritor austríaco retrata com beleza singular as ingerências da vida humana, simbolizadas em um tribunal ininteligível, um processo incompreensível e uma razão de culpa inconfessável. 

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A METAMORFOSE, Franz Kafka
Nesta obra, Kafka analisa o desequilíbrio das relações humanas ante as aberrações, quer morais, quer sociais, quer de cunho religioso ou político, discorrendo a partir de um modesto lar comum. 

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AS INSTITUTAS, João Calvino
Um apanhado completo das doutrinas bíblicas pregadas pelo grande reformador protestante, João Calvino. Complemento para a sustentação filosófica e teórica do calvinismo.

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DOM QUIXOTE, Manuel de Cervantes
O romancista espanhol nos permite navegar nas sandices e pensamentos surreais deste herói intrépido e destemido, Dom Quixote e seu leal companheiro Sancho Pança

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HITLER, Ian Kershaw
O tradicional biógrafo do ditador nazista, condensa neste volume os aspectos que antecederam, procederam e sucederam a passagem do nazismo na Alemanha, na pessoa de Adolf Hitler. 

Depois, irei postar as obras literárias mais belas e de merecida leitura. Até breve. 

AOS MESTRES, O CARINHO

 

Cansado... Gravata esgarçada no colarinho... Paletó esticado sobre as ombreiras da poltrona giratória. Nas prateleiras, diversos livros científicos. Na parede os diplomas, certificados acadêmicos e algumas telas de pintores consagrados. Na mesa, canetas caras confundem-se com uma infinidade de processos judiciais. É o fim de mais um dia de trabalho. Ali, tímida e modesta, borrada pela ação do tempo, uma fotografia: eu, menino, com a farda da escola, adiante de uma ostentosa bandeira nacional, esticada sobre a parede... 

  As emoções nascem em um turbilhão intrépido e incontrolável... "Parece que foi ontem.." - pensei. Sim, ao olhar para o passado, contemplo os dias mais maravilhosos de minha vida. Os amigos, as travessuras, as admoestações e a promessa de um mundo rico e grandioso a ser conquistado. Ainda ressoam em meus ouvidos a voz de cada um daqueles leais construtores Meus Professores! Sim, os verdadeiros peregrinos resignados da educação e da formação de almas e corações. Sinto como se meu corpo caísse em um vertiginoso túnel. Sou transportado para aqueles dias... As imagens de minha memória reportam os instantes de minha infância e adolescência, onde eles, os professores, registravam capítulos inesquecíveis: tijolo após tijolo, na construção de sonhos e de caráter, quer em mim, quer em qualquer outro.

  Nunca nos passou pela cabeça que nós cresceríamos e envelheceríamos. Mas, quando somos confrontados com esta realidade, desafiados pela vida e pelo destino, o que nos vale são aquelas enfadonhas, porém felizes, manhãs ou tarde, na companhia de nossos professores, dos que realmente honram a esse ministério. Hoje, quando os encontramos nas ruas, muitas vezes já não exalam o mesmo vigor e fortaleza. O cansaço já os abate, porém, nas rugas de suas mãos, na sinceridade de seus olhares, nos brancos cabelos, o troféu do dever cumprido.

  Há duas grandes missões nesta vida: a de pai e a de mestre. O pai, porque nos dá o pão que nutre o corpo e o mestre, que nos dá o pão que nutre o espírito.

  A todos os professores, minha emocionada homenagem, neste 15/10.

  




segunda-feira, 3 de outubro de 2011

IMPRESSÕES PESSOAIS

CIDADE DE ABAETETUBA

Geralmente, considero-me um brasileiro cosmopolita. Dos lugares que visitei, ao longo de todo o território nacional, pude aprender lições maravilhosas, conhecer locais aconchegantes, pessoas amigas e sobretudo desfrutar de tudo o que há de bom dentro das léguas patrimoniais de minha pátria. Muito embora ferva em meu sangue o DNA lusitano, mesclado com resquícios espanhóis e semitas, herdo por legado a missão de defender, proteger e enaltecer os valores de minha nação. 

Há quem julgue que a disposição do ser humano em honrar o rincão natal é fruto de seu apego mais profundo à terra que lhe deu os primeiros alimentos e, em se tratando de amazônidas, eis que somos, como povos não migradores, resignados à vivermos sob quaisquer condições, sob a densa e misteriosa floresta, tal sentimento é bem mais forte. Hoje, não mais pisando o solo que me proporcionou as incipientes luzes da vida, percebo que a força, o magnetismo e a exuberância do espírito que vive em mim, em relação às coisas de minha terra, falam mais alto. Percebo também que somos mais aquilo que somos quando estamos distantes de onde somos ou onde estivemos um dia. E isso rejuvenesce nosso patriotismo de maneira singular, não piegas, porém com emoção. 

Dói, ainda que sem grandes sofrimentos, as milhas de distância, a saudade das simplicidades domésticas, os privilégios incomuns da casa que lhe acolhe desde os primeiros momentos de vida, do povo que o saúda sem a indiferença do que é estranho nem a desconfiança do que é novo. Isso é o brasileiro! Sentir a terra querida sob a palma de seus pés é refrigério, é prazer, é contentamento... Gozar das singularidades e das coisas que lhes são peculiares é bem de valor impagável! 

Hoje, particularmente este dia, escolhido à revelia de datas oficiais, celebro minha terra natal, meu rincão mais precioso, meu berço afetuoso e destinado à me proporcionar dores e delícias, sonhos e pesadelos, doçuras e amarguras, sorrisos e lágrimas, prazeres e sofrimentos, vida e morte. Celebro, ainda que na imaginação, os momentos cruciantes em que a Nau de Monteiro penetrou estas águas, irreverente, porém assombrada da fúria imparcial que só elas possuem. Celebro os primeiros líderes, os primeiros cidadãos, os primeiros sonhos, as primeiras conquistas e decepções politicas e sociais. Celebro a pujança econômica, nascida nos braços de um povo trabalhador, bem ao seu estilo. Sinto como se um espírito novo, como que brotado dentro de corações sensíveis, invadisse indistintamente a todos aqueles que respiraram seu primeiro ar ao sabor do açaí mais puro, banhado pelas águas barrentas do Maratauíra e que há de transformar, renovar, acender, criar e impulsionar!

Renovo as esperanças para que não só este dia, mas qualquer outro, da mesma forma como a mim, chegue a qualquer outro... 

Celebro Abaetetuba, simples assim. Sem razão ou justificativa. Simples, assim...