segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A RELEVÂNCIA DA REFORMA PROTESTANTE


João Calvino, Reformador Francês

Hoje, 31 de Outubro, nós, cristãos reformados, e em particular, presbiterianos, comemoramos a Reforma Protestante. Para retratar sua relevância, transcrevo aqui um belíssimo texto de Alderi Souza de Matos, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, cuja leitura é de peculiar agradabilidade.


A RELEVÂNCIA DA REFORMA

Alderi Souza de Matos

A Reforma Protestante do século XVI foi um fenômeno variado e complexo, que incluiu fatores políticos, sociais e intelectuais. Todavia, o seu elemento principal foi religioso, ou seja, a busca de um novo entendimento sobre a relação entre Deus e os seres humanos. Nesse esforço, a Reforma apoiou-se em três fundamentos ou pressupostos essenciais:

1. A centralidade da Escritura

Os reformadores redescobriram a Bíblia, que no final da Idade Média era um livro pouco acessível para a maioria dos cristãos. Eles estudaram, pregaram e traduziram a Palavra de Deus, tornando-a conhecida das pessoas. Eles afirmaram que a Escritura deve ser o padrão básico da fé e da vida cristã (2 Tm 3.16-17). Todas as convicções e práticas da Igreja deviam ser reavaliadas à luz da revelação especial de Deus. Esse princípio ficou consagrado na expressão latina “Sola Scriptura”, ou seja, somente a Escritura é a norma suprema para aquilo que os fiéis e a Igreja devem crer e praticar. Evidentemente, tal princípio teve conseqüências revolucionárias.

2. A justificação pela fé

Outro fundamento da Reforma, decorrente do anterior, foi a redescoberta do ensino bíblico de que a salvação é inteiramente uma dádiva da graça de Deus, sendo recebida por meio da fé, que também é dom do alto (Ef 2.8-9). Tendo em vista a obra expiatória realizada por Jesus Cristo na cruz, Deus justifica o pecador que crê, isto é, declara-o justo e aceita-o como justo, possuidor não de uma justiça própria, mas da justiça de Cristo. Essa verdade solene e fundamental foi afirmada pelos reformadores em três expressões latinas: “Solo Christo”, “Sola gratia” e “Sola fides”. Justificado pela graça mediante a fé, e não por obras, o pecador redimido é chamado para uma vida de serviço a Deus e ao próximo.

3. O sacerdócio de todos os crentes

A Igreja Medieval era dividida em duas partes: de um lado estava o clero, os religiosos, a hierarquia, a instituição eclesiástica; do outro lado estavam os fiéis, os leigos, os cristãos comuns. Acreditava-se que a salvação destes dependia da ministração daqueles. À luz das Escrituras, os reformadores eliminaram essa distinção. Todos, ministros e fiéis, são o povo de Deus, são sacerdotes do Altíssimo (1 Pedro 2.9-10). Como tais, todos têm livre acesso à presença do Pai, tendo como único mediador o Senhor Jesus Cristo. Além disso, cada cristão tem um ministério a realizar, como sacerdote, servo e instrumento de Deus na Igreja e na sociedade. Que esses princípios basilares, repletos de implicações revolucionárias, continuem sendo cultivados e vividos pelos herdeiros da Reforma.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

BIBLIOTECA BÁSICA DO INTELECTUAL DE DIREITA

Livros... Eis o vício perfeito: leva todo o teu dinheiro, tira tuas noites de sono, bagunça todo o seu quarto e a sua casa, mas no final te faz um excelente caráter. Que me chamem de burguês, de direitista ortodoxo, de aristocrata, de elitista, não me importo. Mas não abro mão, jamais, do conhecimento amplo, da crítica e da análise social imparcial, desinfetada de concepção partidária e ideológica. Afinal, ideologia só a esquerda é que quer uma para viver...

Aqui, aponto alguns livros que reputo essenciais para a consolidação cultural e intelectual, básica, para quem busca compreender os fatos sociais e a política, pela ótica conservadora, e que compõe meu acervo básico, atualizado, representando parte de minha base intelectual, política, social e cultural.


SALAZAR, de Felipe Ribeiro de Menezes. 
Uma excelente narrativa sobre a trajetória política, cultural e particular de um dos mais notáveis homens da história europeia, a partir de Portugal, do ultimo século. 

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SARNEY, A BIOGRAFIA, de Regina Echeverria
Reporta a vida, a trajetória e a presença de um dos mais notáveis e antigos parlamentares brasileiros em exercício, na atualidade, retratando sua vida política e particular, bem como sua atividade literária.  
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A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO, Marx Weber
Uma visão sociológica da razão pela qual o Protestantismo está associado ao capitalismo, transformando este sistema econômico na mais perfeita forma para a convivência comercial e econômica humana. 

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O PROCESSO, Franz Kafka
 O escritor austríaco retrata com beleza singular as ingerências da vida humana, simbolizadas em um tribunal ininteligível, um processo incompreensível e uma razão de culpa inconfessável. 

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A METAMORFOSE, Franz Kafka
Nesta obra, Kafka analisa o desequilíbrio das relações humanas ante as aberrações, quer morais, quer sociais, quer de cunho religioso ou político, discorrendo a partir de um modesto lar comum. 

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AS INSTITUTAS, João Calvino
Um apanhado completo das doutrinas bíblicas pregadas pelo grande reformador protestante, João Calvino. Complemento para a sustentação filosófica e teórica do calvinismo.

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DOM QUIXOTE, Manuel de Cervantes
O romancista espanhol nos permite navegar nas sandices e pensamentos surreais deste herói intrépido e destemido, Dom Quixote e seu leal companheiro Sancho Pança

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HITLER, Ian Kershaw
O tradicional biógrafo do ditador nazista, condensa neste volume os aspectos que antecederam, procederam e sucederam a passagem do nazismo na Alemanha, na pessoa de Adolf Hitler. 

Depois, irei postar as obras literárias mais belas e de merecida leitura. Até breve. 

AOS MESTRES, O CARINHO

 

Cansado... Gravata esgarçada no colarinho... Paletó esticado sobre as ombreiras da poltrona giratória. Nas prateleiras, diversos livros científicos. Na parede os diplomas, certificados acadêmicos e algumas telas de pintores consagrados. Na mesa, canetas caras confundem-se com uma infinidade de processos judiciais. É o fim de mais um dia de trabalho. Ali, tímida e modesta, borrada pela ação do tempo, uma fotografia: eu, menino, com a farda da escola, adiante de uma ostentosa bandeira nacional, esticada sobre a parede... 

  As emoções nascem em um turbilhão intrépido e incontrolável... "Parece que foi ontem.." - pensei. Sim, ao olhar para o passado, contemplo os dias mais maravilhosos de minha vida. Os amigos, as travessuras, as admoestações e a promessa de um mundo rico e grandioso a ser conquistado. Ainda ressoam em meus ouvidos a voz de cada um daqueles leais construtores Meus Professores! Sim, os verdadeiros peregrinos resignados da educação e da formação de almas e corações. Sinto como se meu corpo caísse em um vertiginoso túnel. Sou transportado para aqueles dias... As imagens de minha memória reportam os instantes de minha infância e adolescência, onde eles, os professores, registravam capítulos inesquecíveis: tijolo após tijolo, na construção de sonhos e de caráter, quer em mim, quer em qualquer outro.

  Nunca nos passou pela cabeça que nós cresceríamos e envelheceríamos. Mas, quando somos confrontados com esta realidade, desafiados pela vida e pelo destino, o que nos vale são aquelas enfadonhas, porém felizes, manhãs ou tarde, na companhia de nossos professores, dos que realmente honram a esse ministério. Hoje, quando os encontramos nas ruas, muitas vezes já não exalam o mesmo vigor e fortaleza. O cansaço já os abate, porém, nas rugas de suas mãos, na sinceridade de seus olhares, nos brancos cabelos, o troféu do dever cumprido.

  Há duas grandes missões nesta vida: a de pai e a de mestre. O pai, porque nos dá o pão que nutre o corpo e o mestre, que nos dá o pão que nutre o espírito.

  A todos os professores, minha emocionada homenagem, neste 15/10.

  




segunda-feira, 3 de outubro de 2011

IMPRESSÕES PESSOAIS

CIDADE DE ABAETETUBA

Geralmente, considero-me um brasileiro cosmopolita. Dos lugares que visitei, ao longo de todo o território nacional, pude aprender lições maravilhosas, conhecer locais aconchegantes, pessoas amigas e sobretudo desfrutar de tudo o que há de bom dentro das léguas patrimoniais de minha pátria. Muito embora ferva em meu sangue o DNA lusitano, mesclado com resquícios espanhóis e semitas, herdo por legado a missão de defender, proteger e enaltecer os valores de minha nação. 

Há quem julgue que a disposição do ser humano em honrar o rincão natal é fruto de seu apego mais profundo à terra que lhe deu os primeiros alimentos e, em se tratando de amazônidas, eis que somos, como povos não migradores, resignados à vivermos sob quaisquer condições, sob a densa e misteriosa floresta, tal sentimento é bem mais forte. Hoje, não mais pisando o solo que me proporcionou as incipientes luzes da vida, percebo que a força, o magnetismo e a exuberância do espírito que vive em mim, em relação às coisas de minha terra, falam mais alto. Percebo também que somos mais aquilo que somos quando estamos distantes de onde somos ou onde estivemos um dia. E isso rejuvenesce nosso patriotismo de maneira singular, não piegas, porém com emoção. 

Dói, ainda que sem grandes sofrimentos, as milhas de distância, a saudade das simplicidades domésticas, os privilégios incomuns da casa que lhe acolhe desde os primeiros momentos de vida, do povo que o saúda sem a indiferença do que é estranho nem a desconfiança do que é novo. Isso é o brasileiro! Sentir a terra querida sob a palma de seus pés é refrigério, é prazer, é contentamento... Gozar das singularidades e das coisas que lhes são peculiares é bem de valor impagável! 

Hoje, particularmente este dia, escolhido à revelia de datas oficiais, celebro minha terra natal, meu rincão mais precioso, meu berço afetuoso e destinado à me proporcionar dores e delícias, sonhos e pesadelos, doçuras e amarguras, sorrisos e lágrimas, prazeres e sofrimentos, vida e morte. Celebro, ainda que na imaginação, os momentos cruciantes em que a Nau de Monteiro penetrou estas águas, irreverente, porém assombrada da fúria imparcial que só elas possuem. Celebro os primeiros líderes, os primeiros cidadãos, os primeiros sonhos, as primeiras conquistas e decepções politicas e sociais. Celebro a pujança econômica, nascida nos braços de um povo trabalhador, bem ao seu estilo. Sinto como se um espírito novo, como que brotado dentro de corações sensíveis, invadisse indistintamente a todos aqueles que respiraram seu primeiro ar ao sabor do açaí mais puro, banhado pelas águas barrentas do Maratauíra e que há de transformar, renovar, acender, criar e impulsionar!

Renovo as esperanças para que não só este dia, mas qualquer outro, da mesma forma como a mim, chegue a qualquer outro... 

Celebro Abaetetuba, simples assim. Sem razão ou justificativa. Simples, assim...




quinta-feira, 14 de julho de 2011

LOBOS VESTIDOS DE CORDEIRO!




Um recente acontecimento envolvendo um autoproclamado pastor de uma cidade do interior do Pará, chamou a atenção mais uma vez para a necessidade de se analisar, com frieza e de forma meticulosa, o papel que muitos homens tem usurpado, com o interesse vil de se locupletar, face a dependência espiritual de muitos por ai a fora. A notícia de um suposto sequestro, ou algo parecido, deste indigitado cidadão, fez com que diversas famílias, fiéis de sua denominação e um sem número de evangélicos, em geral, experimentasse um misto de sentimentos, há muito esquecido pelas antigas gerações e totalmente novos, para as gerações mais recentes: o constrangimento pela perseguição em nome do evangelho.

Relembremos os fatos: Há alguns dias atrás, este cidadão, que ocupa cargo secular no governo municipal de outra cidade, vários quilômetros distante de seu domicílio, desapareceu sem deixar vestígio algum. Entre uma e outra tentativa de contato via telefone móvel, alguém que conseguira completar a ligação, pode ouvir do outro lado da linha, gemidos, como de alguém que estivesse agonizando, ou algo semelhante. Por certo, o desespero era inevitável e o pior foi pensado. Em tempos em que a violência gratuita é uma constante e a vida perdeu o valor do vintém, qualquer motivo é motivo para se matar. No entanto, as autoridades e a grande imprensa já haviam tomado conhecimento do sumiço do referido “pastor”, o que causou polvorosa na cidade onde o mesmo exerce suas “atividades episcopais”. Uma verdadeira rede de preces envolveu quase todas as igrejas evangélicas da cidade que, em uma demonstração clara e inequívoca de espírito fraterno e solidariedade, se uniram em oração, em prol deste suposto refém de sequestradores. O desfecho deste caso, revelou-se, entretanto, um verdadeiro circo mambembe, revelando o caráter dúbio, inverossímil e pérfido, desta pseuda vítima, caindo por terra, assim, sua encenação nada graciosa.
É bem sabido, estimados leitores, que o crime é um dos chamarizes mais macabros, da atenção humana. Um acidente de trânsito acumula vários curiosos ao redor dos destroços, um assalto consegue atrair diversos indivíduos. Tenho a impressão de que o escarlate do sangue, quando sai das veias, possui um magnetismo funesto! Quando o meliante cai na desgraça de ser pego pela população, aí é que brotam humanos em fúria, como que da flor da terra, para fazerem “justiça particular”. Neste caso, um crime supostamente perpetrado contra quem consegue, com certa facilidade, reunir em torno de si, pessoas sinceramente devotadas e em busca de um alívio espiritual, o estardalhaço alcançaria proporções imensuráveis. E alcançou.
Há muito tempo se tem visto na imprensa e mesmo no domínio público, uma intensa e implacável hostilidade à toda e qualquer liderança evangélica, indistintamente. Muito embora os evangélicos sejam tão desunidos institucionalmente, há o velho hábito de se generalizar, misturando cristão reformado com neopentecostal, pentecostal com adventista, entre outros, proporcionando um intenso mal estar dentro e fora das igrejas. Contudo, para os cristãos evangélicos, isto é nada mais que o cumprimento das palavras de Cristo, ao informar aos seus discípulos, entre outras coisas, que, em termos bem populares, “seguí-Lo, não era um mar de rosas!”. Contudo, da mesma forma que alertou que no final dos tempos, milhares viriam em Seu nome, operando inclusive milagres, contudo, não teriam parte com Ele. Ou seja, puro ilusionismo e pirotecnia espiritual, em nome de Deus, enquanto que Deus nunca estivera ali.
Isto tem sido prática reiterada em nossa sociedade: pastores que conseguem arrecadar rios de dinheiro, com a venda de indulgências, orações poderosas, óleos e amuletos miraculosos, promessas de enriquecimento e prosperidade, e um sem número de argumentos vazios e evasivos, infundados, antibíblicos e desprezíveis, se proliferam como amebas no intestino! Não seria diferente, no caso acima citado, eis que a mídia, a comoção popular, a manipulação das massas é, sempre foi e nunca deixará de ser objetivo implícito, porém escancarado, de homens, como o nosso “suposto sequestrado”. No entanto, também um incontável número de igrejas, pastores, líderes e cristãos, de um modo geral, que procuram viver de maneira ética e correta, pautando-se na honestidade e na dignidade, sendo cidadãos úteis à sociedade e interagindo de maneira benéfica na comunidade em que estão inseridos, são agentes de melhorias sociais e espirituais, quer pelo testemunho de vida, quer pelas lições e ensinamentos que são repassados no convívio e na vida cotidiana. Isto é perceptível em qualquer lugar, sejam em presídios, hospitais, corporações militares, escolas, entre outros. Este é o exemplo do verdadeiro cristão, que foge dos holofotes da vaidade humana, e age no sentido de que Jesus Cristo cresça, e não o ego do homem.
Confesso que até agora não entendi a razão desta encenação nojenta! Seria uma estratégia malfadada de impacto social? Ou uma forma de alcançar a comoção e a piedade pública? Seria ainda mais uma de suas “lambanças teológicas” ou até mesmo, quem sabe, um apimentado caso extraconjugal? E as especulações não param por ai, porque nenhuma justificativa plausível se deu... e nem se tinha a obrigação de dar, eis que vivemos, graças a Deus, em um país livre! Contudo, tornar-se líder e legitimar-se como tal, de qualquer forma, seguido por fiéis, muito embora sendo este líder, infiel, acompanha uma enorme responsabilidade. Por certo, muitos sonhos, dramas, necessidades e dilemas foram revelados para este LOBO VESTIDO DE CORDEIRO, e agora, seus confessantes encontram-se perigosamente expostos, à extorsão, à chantagem, à execração ou à ridicularização coletiva; à mercê de seus caprichos apocalípticos, suas mesquinharias proféticas e suas instabilidades emocionais, herança de um passado maculado e entorpecido por substâncias nada agradáveis.
Lamento muitíssimo pela família deste insano. Com sinceridade! Que pena é poder conviver com bipolares. Nunca se sabe quando ele está no seu normal, ou no seu irracional, quimérico. Lamento ainda pelos fiéis, que o acompanharam por algum tempo. A decepção é uma lâmina afiada que corta e fere qualquer superfície que encontre, ainda mais se esta decepção for oriunda de uma descoberta de um passado de inverdades, de um presente de insanidades e em vista de um futuro de incertezas. Haverão, sem dúvidas, aqueles que continuarão ainda o acompanhando. Nestes, o veneno pode ter sido mais forte. Quiçá não se torne letal e irreversível.
O mundo é muito grande, e ao mesmo tempo muito pequeno. O tempo passa parcimoniosamente, mas de igual modo é demasiado rápido. A sociedade, está cansada de crimes, escândalos, sensacionalismo barato e vil. Caminha nauseante, moribunda, convalescente, tétrica, diante de fatos como o arquitetado pelo suposto “refém”, o sonhador episcopal.
Aos que foram vitimas de sua fraudulenta vitimização, minhas sinceras condolências. Um conselho: se depois de tudo isso, suas vidas espirituais encontram-se firmes na Palavra de Deus, busquem uma Igreja decente, cristã, apostólica, reformada e bíblica, de preferência aquelas onde o pastor não costuma espoliar seus bolsos, mas que preenche seus corações com a paz e a verdade da fé. Aos que ainda assim, insistirem em render salamaleques ao “falso mestre”, o Escariotes do cristianismo contemporâneo, o “Ficha-Suja” celestial, fica a lembrança de que Cristo os julgará.
Por fim, ao quimérico sacerdote, minha orientação mais leal: Aproveite enquanto o sol brilha para justos e injustos e as madrugadas escondem até mesmo as fissuras da terra, para renunciar sua arrogância, mesquinharia e falsidade, e com humildade, retratar-se publicamente, isto claro, antes de limpar este lugar de sua infecta personalidade. Que Deus tenha misericórdia de você, porque presumo que muitos, aqui na Terra, certamente não terão.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

domingo, 3 de julho de 2011

PROTESTO CONTRA A TECNOLOGIA

Quando alguém ler este texto, certamente já consumiu alguns milhares de kilowats de energia, alguns bytes de seu modem, (isto se ele conectar de primeira), causou dispêndio de dinheiro e gasto de qualquer coisa não renovável, para o pânico dos ativistas do meio ambiente. Quando alguém ler este pequeno escrito, de alguma forma já, antes, sondou o que o amigo ou o colega, ou ainda aquele(a) sujeito(a) investigado, anda pensando, através de seus informes no Twitter ou no Facebook, ou a grande última novidade da moda, da tecnologia, do mundo estranho e das artes, nos sites de noticias. Já deve ter pesquisado seu próprio nome em todos os sites de buscas, os nomes dos conhecidos e ainda teve a ousadia de pesquisar nas imagens, justamente para ver se a fotografia do “ser” amado (ou odiado) anda a passear pelo mundo virtual.
Quando alguém ler este texto, certamente não pensou que há vinte e poucos anos atrás, no tempo em que teclado só servia para tocar acordes na igreja e que números em teclas só existiam nas calculadoras, alguém, com aquelas vetustas cartilhas do ABC e aquele lápis de madeira não reflorestada, em uma sala de aula empoeirada de giz branco e colorido, estava a disciplinar, doutrinar, instruir e ensinar estes que hoje, abandonariam fácil as canetas, os cadernos, pelos notebooks, IPads, IPods, e todos os sugestivos aparelhos do novo mundo!
Em um tempo não muito distante, quando convivíamos com nomes americanizados apenas oriundos dos filmes de faroeste, de guerra ou ainda das aventuras infantis, milhares de meninos, hoje a nova geração de pais e mães que vivem as mesmas preocupações que davam para seus respectivos pais, olham para aquele passado e recordam que vivíamos, de fato, uma liberdade plena e perene. E porque hoje não podemos nos vangloriar das enormes vantagens que a tecnologia nos trouxe? Porque simplesmente deixamos de viver nossas vidas, para que máquinas e aparelhos eletrônicos vivam por nós. Conhecemos e nos tornamos conhecedores de centenas de milhares de pessoas, no mundo cibernético. Ali somos extrovertidos, humorados, sedutores, desavergonhados (nos dois sentidos do termo). Mas uma simples conversa com um vizinho ou um amigo, é praticamente uma raridade. De repente, nestes dias, as pessoas deixaram de cultivar o calor de um abraço ou de um aperto de mão, para botões e teclas que insistem em tentar medir o grau de amizade e importância que aquela amizade tem para este ou aquele sujeito. E no entanto, glorificam a tecnologia como modificadora, revolucionária, agente de um grande fator de crescimento.
Sim, não tenho dúvidas! A tecnologia modificadora transformou seres humanos, em quase-máquinas, provocou uma revolução negativa, desumanizando as relações sociais e interpessoais, fez crescer o individualismo, o egoísmo, a superficialidade das relações e pior que tudo, está formando uma pátria de tecnomaníacos, que dentro de um universo de milhares de pessoas, se sentirá isolado não por deixar de conhecê-las, mas por não estar conectado à grande rede. O mundo sim, perdeu suas fronteiras, mas também perdeu os limites: do bem e do mal, do justo ou do injusto, do aceitável ou inaceitável, moral ou imoral. Perdeu as noções, os parâmetros, os guias sociais e as tradições, transformando o homem em apenas números, desassistidos de sentimentos, ignóbeis, mortos!
Transformou homens em meros agentes operacionais, que precisam se render aos complexos algoritmos da tecnologia, para poder ganhar o pão, que até pouco tempo atrás se podia fazer dentro de casa. Transformou homens em seres inertes, que perdem a paciência fácil, adquirindo moléstias modernas: eis o stress! Violou nossa liberdade de comunicação ao monopolizar os sinais eletrônicos, colocando-nos à mercê de seus caprichos. Impôs até mesmo nossa indumentária! Modificou nossa etiqueta social, e transformou em démodé tudo o que era humano! Somos, enfim, o arquétipo do sonho (ou pesadelo) de Isaac Asimov.

Manifesto aos Computadores

Devolva, máquina maldita, a magia da vida a esta geração! Para o inferno com seus bytes! Enfie bem fundo em suas Portas USB´s sua arrogância fria! Liberte os homens que hipnotizas, as mulheres que enganas e as crianças que escravizas! Reconheça a sua insignificância de máquina, que foi criada para o meu bem estar, e não para a minha tormenta! Reduza-se à sua transitoriedade e descartabilidade! Você não é insubstituível! Por certo, hei de ser apedrejado pelos seus escravos, mas talvez, este leve toque de messianismo cultural há de deter, tua manifesta e destrutiva missão!
Jamais hás de reproduzir com perfeição o gorjeio do pardal, o calor do sol, o perfume das rosas, a imensidão do mar, a pureza da brisa matinal, a emoção do primeiro beijo, a doçura do mel da abelha silvestre! Nunca serás meu deus, nem te prestarei culto! Certamente, hei de te descartar, quando não mais estiveres à altura da minha perfeição de ser humano!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

BONS TEMPOS AQUELES...

Não sei o que se passa com os da minha geração... todos querem, pelo menos uma vez na vida, reviver um dos doces dias dos anos 80... Eu, pelo contrário, os reviveria todos, por pelo menos 15 razões:


Naquele tempo, em Abaetetuba...


1 - Tomar refrigerante de garrafa de vidro era um requinte exclusivo para poucos; Quando comprávamos ou era para festinhas de aniversário com os seus amigos da rua (Você conhecia a todos, e todos te conheciam.), ou para as recepções caseiras, ou ainda para as pouquíssimas festas que podíamos frequentar (15 anos na Assembléia Abaetetubense, no Vênus ou Tietê) ou ainda no Natal, Ano Novo... Fazíamos tudo para que sobrasse pelo menos uma garrafa para o outro dia.




2 - Roubar jambo do cemitério era uma obrigação moral para os meninos!


3 - Tomar banho às 17h para passear na praça às 18h e voltar para casa às 18:30h, isto se você não encontrasse com aquela turminha batendo uma bola... fatalmente você voltaria para casa todo sujo, às 20h e tomava um belo esculacho... No outro dia, nem pensar em praça.


4 - O pipoqueiro da Praça era mais que um simples pipoqueiro, era um showman! As crianças o veneravam e ainda mais porque víamos aqueles bonequinhos a pular junto com as pipocas na vitrine daquela máquina saudosa... Hoje ele está na Praça da Conceição.


5 - Maçã do Amor, Pescaria e outras diversões de arraial eram ansiosamente aguardadas, todos os anos... Eu ainda guardo alguns brindes de pescaria. No entanto, Barquinha era completamente vetado... depois que introduziram brinquedos mecanizados, a barquinha perdeu o glamour e a periculosidade... Que contraditório, não?


6 - Ao meio dia e às seis da tarde, ao badalar os sinos da Igreja Matriz, sabíamos que começava a tarde e começava a noite, respectivamente. Relógio era para os mais velhos... o tempo, para nós, era uma grandeza que tinha pouco valor e a vida era vivida intensamente e em toda a sua plenitude.






7 - Levar a namoradinha para tomar sorvete na Sorveteria Iracema era um programa altamente romântico... Eu, como bom saudosista, ainda faço isso, sempre que posso. Adoro aquelas fichinhas coloridas. O sorvete não era servido no cascão ou na casquinha, era no cartucho...





8 - Da mesma forma, para os mais velhos, os Coretos era o melhor sítio para seus sonhos de amor, e eventuais desilusões.


9 - Ainda, na Praça da Conceição, lendas urbanas indicam que parte da população surgiu de encontros furtivos por trás da Igreja Matriz, na Tv. Padre Luiz Varela.








10 - O Tacacá da D. Meranda era sagrado na esquina da Barão do Rio Branco com a Pedro Rodrigues. Não estávamos nem ai se ele vinha com a poeira e fuligem dos ônibus da Rodomar, nem tão pouco nos importávamos com os odores que exalavam dos banheiros da estação que hoje foi ocupada por uma farmácia...


11 - Ainda assim, quando passava um cortejo fúnebre, todos nós ficávamos de pé, em respeito aos enlutados... e com medo porque nossos avós diziam que se não ficássemos de pé, o morto nos assombraria à noite.


12 - Comprar pão era ou no Mariozinho, ou na Suburbana, ou ainda na Anjo da Guarda ou no Seu Nestor. Comprar o rancho da semana era no Supermercado Figueiredo, no Mercantil Ribeiro, no Supermercado Mariozinho (o mesmo do pão, mas em outro endereço) ou talvez no Supermercado Conceição. Mas o que todos gostavam mesmo era da efusiva e colorida feira, nosso famoso Beiradão!






13 - Transitar pela cidade com as bicicletas era pacífico. Ganhar uma era a glória... fazer corrida com elas na D. Pedro II era loucura! Hoje, só as motos... nem sei como se anda nisso! Ainda cheguei a ver corrida de batalhadores, valendo prêmio!


14 - Os sucessos da parada eram ditados pelos Sonoros Copacabana, bem como os plantões de ultima hora...  Ser elogiado no ar, então, era a coroação! Ali era audiência certa!


15 - Enfim, antes de nos recolhermos em nossas casas, para brincar em nossos Ataris, ou ainda para assistir aos desenhos em fita VHS do Video Clube,(para os que tinham a grandeza de possuir um Videocassete) ou talvez para planejar nossas peripécias para o outro dia, uma repassada nas lições, copiadas à lápis, ou à canetas Faber Fix, Kilométrica ou Compactor 07 naquele enorme Caderflex vermelho, era obrigatório. Depois, poderiamos deitar, cansados e estafados, porém felizes, vivendo um tempo que era de dificuldades, de caminhos pedregosos, mas que daríamos tudo para voltar até lá.



quarta-feira, 15 de junho de 2011

O SÍTIO PIRANHENGA - São Luis do Maranhão


Aspecto do acervo artístico do Sítio Piranhenga


Datado com mais de 200 anos, e uma área de aproximadamente 42 ha de preservação histórico, cultural e ambienal, o Sítio Piranhenga conta com um incrível acervo de peças que exalam história e cultura. São imóveis, azulejos coloniais, escadarias e construções hisóricas que levam o visitante a se transportar para uma época em que a vida passava devagar junto com o vai-e-vem das marés.

O primeiro proprietário do local foi o senhor de escravos José Clarindo de Souza, falecido em 2 de julho de 1863. A propriedade foi quase inteiramente construída por mãos escravas restando ainda muitas de suas marcas, como uma senzala próxima às margens do rio Bacanga. Antes de falecer o senhor José Clarindo deixou a posse do Sítio para seu neto, Luís Eduardo Pires, pois o seu único filho havia fugido com uma de suas escravas.

Luís Eduardo Pires fundou no local uma fábrica de cal (a partir da casca do sarnambi) provocando algumas alterações no Sítio, como transformar a senzala em um depósito para a produção de cal. O cal produzido era levado por ele para ser vendido em outros locais como Manaus (AM) e Belém (PA). Com o lucro das vendas, ele comprava madeira de boa qualidade nesses locais para terminar de construir o Sítio. Diz-se até que as melhoes madeiras chegadas ao Maranhão nessa época foram trazidas pelo senhor Luís Eduardo Pires.



Uma das caieras do Sítio 

Após sua morte em 1939, o Sítio entrou em abandono, ficando sujeito a saques e vandalismos e à degradação da natureza. No entanto, em 1941, um casal sobrevoando a ilha de São Luís, avistara o sítio e decidira comprá-lo. Tratava-se da arquiteta e artista plástica D. Vírginia e seu marido o francês Gean.

D. Vírginia introduziu no Sítio a arte mosaica restaurando muitas de suas partes e acrescentando caracteristicas novas ao local. Ela decorou o interior da casa com azulejos encrustados de conchas e de peças de louças que ela mesma quebrava ao ganhar de seus amigos, para confeccionar uma lateral da casa apelidada de "amigos de Virginia".


A parede "Amigos de Virgínia"


Em um dos cômodos encontramos peixes e outros animais aquáticos fossilizados em pedras que teriam sido contrabandeadas pelo primeiro morador da casa. Os fósseis possuem milhões de anos. Nas salas majestosas da casa pode-se perceber claramente o estilo colonial, seja no mobiliário brasão do primeiro dono esculpido no encosto das cadeiras de madeira, seja no suntuoso teto de madeira que recobre a casa. Nessas salas podemos encontrar ainda enormes mesas redondas, também de madeira, centro de muitas reuniões militares entre seu primeiro dono e outros militares. As portas da casa são de mesma onipotência, enormes e com um design que refletem aquela época.


Paredes com fósseis


Detalhe do Fóssil


A CAPELA DE SÃO BENEDITO



Ao lado de casa há uma capela, comum nas moradas do período colonial, que tem um sino de níquel e bronze banhado em ouro. A capela é toda em estilo do século XVIII revestido por azulejos em alto relevo nas cores azul, amarelo e branco. Dentro da capela, percebemos o altar em estilo barroco que guarda inúmeros santos de diversas providências. 

Do lado esquerdo da capela existe um púlpito (tribuna de onde o padre antigamente celebrava as missas), suspenso à 1,50m do chão. As paredes internas da capela eram revestidas com os mesmos azulejos que a recobre externamente, mas a ação de saqueadores degradou todo a estrutura. D. Virginia na tentativa de restaurar essa parte da capela refez, em cimento os azulejos porém, veio a falecer, em 2003, antes que pudesse terminar o seu trabalho que permanece inacabado.


Detalhe do Altar-Mor da Capela de São Benedito, no Sítio Piranhenga

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II PARTE EM BREVE...

domingo, 12 de junho de 2011

SÃO LUIS - MA

Não é a toa o que dizem desta cidade: sua alma, expressa nos casarões, nas tradições, no folclore e na alegria de seu povo, a transformam em uma das mais belas e expressivas capitais brasileiras. São Luís é, antes de tudo, símbolo da ocupação francesa no Brasil, ao que todo o legado cultural ficou para premiar-nos com as mais belas manifestações artisticas, arquitetônicas e de toda a sorte de manifestação popular.

Enquanto estou em trânsito, aqui por São Luís, guardarei mais informações, e assim que chegar à Belém - PA, reservarei um tempo mais tranquilo para postar grandes descobertas. Aguardem. Por hora, segue aqui uma amostra grátis!

Viva São Luís do Maranhão! A Jamaica Brasileira!


Margens do Rio Bacanga, em São Luis - MA, na propriedade Sítio Piranhenga, antiga área de fabricação caieira, desde o período escravagista no Brasil.


Aspecto de um forno de produção de Cal, no Sítio Piranhenga (São Luis - MA), mais ao lado a antiga senzala, construida no séc. XVII.


domingo, 29 de maio de 2011

SÉRIE: MUNICÍPIOS PARAENSES | BRAGANÇA: EIS A PÉROLA DO CAETÉ!


Bragança antiga. A Pérola do Caeté em seu período clássico. 

Instado à deslocar-me do conforto de minha modesta casa, fui presenteado com uma visita à bela e romântica Bragança, a Pérola do Caeté, erigida às margens das majestosas águas do rio que ganham esse mesmo nome (Caeté). Os casarões, as ruas estreitas, a fé e as imponentes construções coloniais mostraram que o braço colonizador português deixou seus traços marcantes por essas terras de cá.

Conta-se, na tradição histórica, que estas terras onde se localizam a cidade de Bragança, outrora foi uma Vila, que esteve por um bom tempo envolvida em querelas judiciais entre os tronos de Espanha e Portugal. Todavia, foi com Daniel de La Touche, um explorador francês, em uma expedição no ano de 1613, que este rincão conheceu a primeira gente branca da cristandade. 


Igreja de Bragança

A religiosidade é um aspecto bem característico de Bragança. É perceptível a influência da fé católica em vários aspectos da formação cultural da cidade. Assim como outras cidades mais antigas do Estado, Bragança surgiu de um agrupamento jesuíta, formado a partir do aldeamento dos Tupinambás, de semelhante modo ao que aconteceu com cidades como Barcarena, com a missão Geribirié e Beja (Abaetetuba), com os índios Mortiguar. 

Um detalhe bem importante deste fato deve ser ressaltado: Os jesuítas, embora considerados visionários, exploradores de batina e escravizadores de indígenas, com intuito meramente comerciais, deixaram um legado histórico bastante profundo na formação cultural do Pará, de um modo geral, que foi a educação dos povos por eles aldeados. A partir da penetração jesuítica na Amazônia, foi possível, de certa forma, expandir, ainda que atualmente isso seja considerado invasivo, a cultura européia e cristã, permitindo com que cidades fossem formadas no entorno de escolas. Exemplo disto é a Escola do Carmo, em Belém-PA.


Escola Monsenhor Mâncio

A cidade de Bragança viveu seu apogeu enquanto a Estrada de Ferro de Bragança fazia a ligação da cidade com Belém e com o Estado do Maranhão, até a década de 60, quando foi extinta, penalizando a cidade à um gradativo e vertiginoso declínio econômico. Todavia, não impediu que a cidade experimentasse o surgimento de novas alternativas econômicas, tal qual o comércio, a indústria e outras vertentes da economia, nos últimos anos.

Outra faceta bem atraente da cidade é a festa da Marujada. Irei pesquisar com mais profundidade as origens e significados.

Por enquanto, eis a minha singela homenagem à esta cidade acolhedora e simpática, tal qual Cametá, Barcarena, Moju, Tailândia e tantas outras do Pará.


sábado, 21 de maio de 2011

Essa sim eu aplaudo de Pé!

Professora Amanda Gurgel.

Em uma audiência pública no Rio Grande do Norte, a Professora Amanda Gurgel calou os políticos locais, causando impacto em toda a nação, pelas suas palavras sinceras e desprendidas dos salamaleques típicos de parlamentares. Meus parabéns!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A BOA MUSICA PORTUGUESA



Conjunto Musical Madredeus


Posso afirmar, com absoluta certeza, que a inconfundível voz de Maria Teresa Salgueiro é de um aspecto singular e próprio. A música acima, creio que tenha sido a que afamou o grupo no Brasil, envolve a alma e alenta aos ouvidos mais criteriosos. Um belo presente para quem admira a boa música. 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

SOU CALVINISTA, PORQUE...

João Calvino

...não há o que duvidar: a doutrina bíblica da eleição é a unica, racional e espiritualmente demonstrada, que se adequa perfeitamente à mensagem central das Sagradas Escrituras. Os seus cinco pontos principais, ensinados pelo grande teólogo francês João Calvino, são lógicos e conclusivos, não deixando a menor dúvida para quem o estuda.

Alguns confundem a mensagem central da doutrina calvinista, criticando-a de elitista e excludente. Todavia, justamente o ponto considerado mais polêmico desta doutrina, que é a Eleição Incondicional, resume, de certa forma, todo o interesse de Deus pelo homem e vice-versa. Os críticos desta verdade bíblica fundamentam-se na errônea interpretação do Livre-Arbítrio, tecida por Arminio, para refutar João Calvino. Dizem eles que, se Deus é amoroso e justo, não permitiria que um servo fiel e leal, servindo há tantos anos em sua Igreja ou comunidade, fosse marginalizado, em favor de outro que por toda a vida, repudiou os valores bíblicos, mas, porque estava "eleito", não deixa de ser salvo.

A respeito desta polêmica, reservo-me para tecer meus comentários mais adiante, jamais antes de apresentar, resumidamente, os cinco pontos principais que norteiam a doutrina calvinista.

1 - DEPRAVAÇÃO TOTAL DO HOMEM: Também chamada de "depravação radical", "corrupção total" e "incapacidade total". Indica que toda criatura humana, em sua condição atual, ou seja, após a queda, é caracterizada pelo pecado, que a corrompe e contamina, incluindo a mente. Por isso, afirma-se que ninguém é capaz de realizar o que é verdadeiramente bom aos olhos de Deus. Em contrapartida, o ser humano é escravo do pecado, por natureza hostil e rebelde para com Deus, espiritualmente cego para a verdade, incapaz de salvar a si mesmo ou até mesmo de se preparar para a salvação. Só a intervenção direta de Deus pode mudar esta situação.

2 - ELEIÇÃO INCONDICIONAL: Eleição significa "escolha". É a escolha feita por Deus desde toda a eternidade, daqueles a quem ele concedeu a graça da salvação. Esta escolha não se baseia no simples mérito, ou na fé das pessoas que ele escolhe, mas se baseia em sua decisão soberana e incondicional, irrevogável e insondável. Isso não significa que a mesma salvação final é incondicional, mas que a condição em que assenta (fé) é concedida também pela graça de Deus, como seu presente para aqueles a quem Ele escolheu incondicionalmente.

3 - EXPIAÇÃO LIMITADA: Também chamada de "redenção particular" ou "redenção definida", significa a doutrina segundo a qual a obra redentora de Cristo foi apenas visando a salvação daqueles que têm sido alvo da graça da salvação. A eficácia salvífica do Cristo redentor, então, é suficiente para todo o homem, mas será eficiente unicamente para a salvação daqueles a quem Deus escolheu desde a fundação do mundo. Os calvinistas não acreditam que a expiação é limitada em seu valor ou poder (se Deus o Pai quisesse, teria salvo todos os seres humanos sem exceção), mas sim que a expiação é limitada na medida em que foi destinada para alguns e não para todos.

4 - GRAÇA IRRESISTÍVEL: Também conhecida como "graça eficaz", esta doutrina ensina que qualquer influência do Espírito Santo de Deus é irresistível, superando toda e qualquer resistência. Quando então, Deus soberanamente visa salvar alguém, o indivíduo não será bem sucedido se tentar resistir.

5 - PERSEVERANÇA DOS SANTOS: Também conhecida como "preservação dos santos" ou "segurança eterna", este quinto ponto sugere que aqueles a quem Deus chamou para a salvação, e depois, à comunhão eterna com ele (" santos ", segundo a Bíblia) não podem cair em desgraça e perder sua salvação. Mesmo que, em suas vidas, o pecado os leve a renunciar à sua profissão de fé, eles (se eles são autênticos eleito), mais cedo ou mais tarde, retornarão à comunhão com Deus. Essa doutrina é baseada na certeza de que a salvação é obra de Deus do começo ao fim, que Deus é fiel às Suas promessas, e que nada nem ninguém pode impedir Seus propósitos soberanos. Este conceito é ligeiramente diferente do conceito usado em algumas igrejas evangélicas, de "uma vez salvos - salvos para sempre", apesar da apostasia, a falta de arrependimento ou a permanência no pecado, desde que eles tiverem realmente aceito a Cristo no passado. No ensino tradicional calvinista, se uma pessoa cai em apostasia ou não mostra mais sinais de arrependimento genuíno, pode ser prova de que ele nunca foi realmente salvo, e, em seguida, que não fazia parte do número dos eleitos.

Importante reportar o que o teólogo presbiteriano André do Carmo Silvério expôs no site monergismo.com:

É muito comum se ouvir falar sobre “Os Cinco Pontos do Calvinismo”. Eu mesmo, quando me tornei aluno da classe de catecúmenos, com a finalidade de ser membro da Igreja Presbiteriana do Brasil, lembro-me de ouvir por várias vezes falar sobre esse assunto. Contudo, meu raciocínio não era outro, senão, o de achar que o autor destes pontos era de fato o próprio reformador do século XVI: João Calvino. Mas somente no Seminário pude ter um contato mais próximo com obras literárias que falavam sobre o assunto, e, desta forma, creio ter sido esclarecido sobre o que realmente vem a ser “Os Cinco Pontos do Calvinismo”.

Portanto, o objetivo deste pequeno artigo é esclarecer de forma simples quem de fato escreveu os chamados “Cinco Pontos do Calvinismo”, por qual razão e porque eles são “cinco pontos” ao invés de sete ou dez. Além disso, procuraremos destacar a sua relevância para a nossa teologia.


1. Autoria

Ao contrário do que muitos pensam, não foi João Calvino quem escreveu “Os Cinco Pontos do Calvinismo”. Talvez algumas pessoas ficarão impressionadas com esta afirmação. No entanto, a magna pergunta que se faz é: Se não foi Calvino, quem foi então? “Estes cinco pontos foram formulados pelo Sínodo de Dort, Sínodo este convocado pelos estados Gerais (da Holanda) e composto por um grupo de 84 Teólogos e 18 representantes seculares, entre esses estavam 27 delegados da Alemanha, Suíça, Inglaterra e outros países da Europa reunidos em 154 Sessões, desde 13 de novembro de 16 18 até maio de 1619” . [1] Portanto, peca por ignorância quem afirma ser João Calvino o autor destes cinco pontos, porque na verdade, a afirmação correta é que estes “pontos” foram fundamentados tão somente nas doutrinas ensinadas por ele. Aliás, este sistema doutrinário, se assim podemos chamá-lo, foi elaborado somente 54 anos após a morte do grande reformador (1509-1564).

2. Razão de sua Escrita

Os Cinco Pontos do Calvinismo foram formulados em resposta a um “documento que ficou conhecido na história como ‘Remonstrance' ou o mesmo que ‘Protesto'”, [2]apresentado ao Estado da Holanda pelos “discípulos do professor de um seminário holandês chamado Jacob Hermann, cujo sobrenome latino era Arminius (1560-1600). Mesmo estando inserido na tradição reformada, Arminius tinha sérias dúvidas quanto à graça soberana de Deus, visto que era simpático aos ensinos de Pelágio e Erasmo, no que se refere à livre vontade do homem”. [3] Este documento formulado pelos discípulos de Arminius tinha como objetivo mudar os símbolos oficiais de doutrinas das Igrejas da Holanda (Confissão Belga e Catecismo de Heidelberg ), substituindo pelos ensinos do seu mestre. Desta forma, a única razão pela qual Os Cinco Pontos do Calvinismo foram elaborados era a de responder ao documento apresentado pelos discípulos de Arminius.


3. Porque Cinco Pontos?

Este documento formulado pelos alunos de Jacob Arminius tinha como teor cinco principais pontos, conhecidos como “Os Cinco Pontos do Arminianismo. E como já dissemos logo acima, em resposta a este Cinco Pontos do Arminianismo, o Sínodo de Dort elaborou também o que conhecemos como “Os Cinco Pontos do Calvinismo” ao invés de sete ou dez. Estes pontos do calvinismo são conhecidos mundialmente pela palavra TULIP, um acróstico popular que na língua inglesa significa:

T otal DepravityTotal Depravação
U nconditional ElectionEleição Incondicional
L imited AtonementExpiação Limitada
I rresistible GraceGraça Irresistível
P erseverance of SaintsPerseverança dos Santos

4. Os Cinco Pontos do Arminianismo Versus Os Cinco Pontos do Calvinismo [4]

Arminianismo

Calvinismo

1. Vontade Livre – O arminianismo diz que a vontade do homem é “livre” para escolher, ou a Palavra de Deus, ou a palavra de Satanás. A salvação, portanto, depende da obra de sua fé.

1. Depravação Total – O calvinismo diz que o homem não regenerado é absolutamente escravo de Satanás, e, por isso, é totalmente incapaz de exercer sua própria vontade livremente (para salvar-se), dependendo, portanto, da obra de Deus, que deve vivificar o homem, antes que este possa crer em Cristo.

2. Eleição Condicional – O arminianismo diz que a “eleição é condicional, ou seja, acredita-se que Deus elegeu àqueles a quem “pré-conheceu”, sabendo que aceitariam a salvação, de modo que o pré-conhecimento [de Deus] estava baseado na condição estabelecida pelo homem.

2. Eleição Incondicional – O calvinismo sustenta que o pré-conhecimento de Deus está baseado no propósito ou no plano de Deus, de modo que a eleição não está baseada em alguma condição imaginária inventada pelo homem, mas resulta da livre vontade do Criador à parte de qualquer obra de fé do homem espiritualmente morto.

3. Expiação Universal – O arminianismo diz que Cristo morreu para salvar não um em particular,porém somente àqueles que exercem sua vontade livre e aceitam o oferecimento de vida eterna. Daí, a morte de Cristo foi um fracasso parcial, uma vez que os que têm volição negativa, isto é, os que não querem aceitar, irão para o inferno.

3. Expiação Limitada – O calvinismo diz que Cristo morreu para salvarpessoas determinadas, que lhe foram dadas pelo Pai desde toda a eternidade. Sua morte, portanto, foi cem por cento bem sucedida, porque todos aqueles pelos quais ele não morreu receberão a “justiça” de Deus, quando forem lançados no inferno.

4. A Graça pode ser Impedida – O arminianismo afirma que, ainda que o Espírito Santo procure levar todos os homens a Cristo (uma vez que Deus ama a toda a humanidade e deseja salvar a todos os homens), ainda assim, como a vontade de Deus está amarrada à vontade do homem, o Espírito [de Deus] pode ser resistido pelo homem, se o homem assim o quiser. Desde que só o homem pode determinar se quer ou não ser salvo, é evidente que Deus, pelo menos, “permite” ao homem obstruir sua santa vontade. Assim, Deus se mostra impotente em face da vontade do homem, de modo que a criatura podeser como Deus, exatamente como Satanás prometeu a Eva, no jardim [do Éden].

4. Graça Irresistível – O calvinismo entende que a graça de Deus não pode ser obstruída, visto que sua graça é irresistível. Os calvinistas não querem significar com isso que Deus esmaga a vontade obstinada do homem como um gigantesco rolo compressor! A graça irresistível não está baseada na onipotência de Deus, ainda que poderia ser assim, se Deus o quisesse, mas está baseada mais no dom da vida, conhecido comoregeneração. Desde que todos os espíritos mortos (= alienados de Deus) são levados a Satanás, o deus dos mortos, e todos os espíritos vivos (= regenerados) são guiados irresistivelmente para Deus (o Deus dos vivos), nosso Senhor, simplesmente, dá a seus escolhidos o Espírito de Vida. No momento que Deus age nos eleitos, a polaridade espiritual deles é mudada: Antes estavam mortos em delitos e pecados, e orientados para Satanás; agora são vivificados em Cristo, e orientados para Deus.

5. O Homem pode Cair da Graça – O arminianismo conclui, muito logicamente, que o homem, sendo salvo por um ato de sua própria vontade livremente exercida, aceitando a Cristo por sua própria decisão, pode também perder-se depois de ter sido salvo, se resolver mudar de atitude para com Cristo, rejeitando-o! (Alguns arminianos acrescentariam que o homem pode perder, subseqüentemente, sua salvação, cometendo algum pecado, uma vez que a teologia arminiana é uma “teologia de obras” – pelo menos no sentido e na extensão em que o homem precisa exercer sua própria vontade para ser salvo). Esta possibilidade de perder-se, depois de ter sido salvo, é chamada de “queda (ou perda) da graça”, pelos seguidores de Arminius. Ainda, se depois de ter sido salva, a pessoa pode perder-se, ela pode tornar-se livremente a Cristo outra vez e, arrependendo-se de seus pecados, “pode ser salva de novo”. Tudo depende de sua continua volição positiva até à morte!

5. Perseverança dos Santos – O calvinismo sustenta muito simplesmente que a salvação, desde que é obra realizada inteiramente pelo Senhor – e que o homem nada tem a fazer antes, absolutamente, “para ser salvo” -, é óbvio que o “permanecer salvo” é, também, obra de Deus, à parte de qualquer bem ou mal que o eleito possa praticar. Os eleitos ‘perseverarão' pela simples razão de que Deus prometeu completar, em nós, a obra que ele começou. Por isso, os cinco pontos de TULIP incluem a Perseverança dos Santos .

5. Considerações Finais

Para inteirar o leitor do todo da história, Spencer nos diz que após o Sínodo de Dort se reunir em 154 Sessões num “completo exame das doutrinas de Arminius e comparar cuidadosamente seus ensinos com os ensinos das Escrituras Sagradas, chegaram à conclusão que os ensinos de Arminius eram heréticos”. [5] “E não somente isto, mas o Concílio impôs censura eclesiástica aos ‘remonstrantes' depondo-os dos seus cargos, e a autoridade civil (governo) os baniu do país por cerca de seis anos”. [6]

Diante disso, creio que a diferença crucial entre o Arminianismo e o Calvinismo se resume na palavra Soberania. Enquanto os calvinistas entendem que Deus opera a salvação na vida do ser-humano conforme a sua livre e soberana vontade, os arminianos salientam que o homem é capaz de por si só querer ou não ser salvo. Se partirmos da premissa que o homem está completamente morto diante de Deus como nos ensina Efésios 2:1, entenderemos porque a salvação depende tão somente da graça e da misericórdia do SENHOR, pois “não depende de quem quer ou quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Rm 9:16). Portanto, creio que os objetivos deste artigo foram de fato alcançados, demonstrando assim a verdadeira história dos “Cinco Pontos do Calvinismo”. Que assim, queira o Senhor nosso Deus nos abençoar e nos dar sempre a graça de sermos verdadeiros propagadores da história reformada.