quarta-feira, 15 de junho de 2011

O SÍTIO PIRANHENGA - São Luis do Maranhão


Aspecto do acervo artístico do Sítio Piranhenga


Datado com mais de 200 anos, e uma área de aproximadamente 42 ha de preservação histórico, cultural e ambienal, o Sítio Piranhenga conta com um incrível acervo de peças que exalam história e cultura. São imóveis, azulejos coloniais, escadarias e construções hisóricas que levam o visitante a se transportar para uma época em que a vida passava devagar junto com o vai-e-vem das marés.

O primeiro proprietário do local foi o senhor de escravos José Clarindo de Souza, falecido em 2 de julho de 1863. A propriedade foi quase inteiramente construída por mãos escravas restando ainda muitas de suas marcas, como uma senzala próxima às margens do rio Bacanga. Antes de falecer o senhor José Clarindo deixou a posse do Sítio para seu neto, Luís Eduardo Pires, pois o seu único filho havia fugido com uma de suas escravas.

Luís Eduardo Pires fundou no local uma fábrica de cal (a partir da casca do sarnambi) provocando algumas alterações no Sítio, como transformar a senzala em um depósito para a produção de cal. O cal produzido era levado por ele para ser vendido em outros locais como Manaus (AM) e Belém (PA). Com o lucro das vendas, ele comprava madeira de boa qualidade nesses locais para terminar de construir o Sítio. Diz-se até que as melhoes madeiras chegadas ao Maranhão nessa época foram trazidas pelo senhor Luís Eduardo Pires.



Uma das caieras do Sítio 

Após sua morte em 1939, o Sítio entrou em abandono, ficando sujeito a saques e vandalismos e à degradação da natureza. No entanto, em 1941, um casal sobrevoando a ilha de São Luís, avistara o sítio e decidira comprá-lo. Tratava-se da arquiteta e artista plástica D. Vírginia e seu marido o francês Gean.

D. Vírginia introduziu no Sítio a arte mosaica restaurando muitas de suas partes e acrescentando caracteristicas novas ao local. Ela decorou o interior da casa com azulejos encrustados de conchas e de peças de louças que ela mesma quebrava ao ganhar de seus amigos, para confeccionar uma lateral da casa apelidada de "amigos de Virginia".


A parede "Amigos de Virgínia"


Em um dos cômodos encontramos peixes e outros animais aquáticos fossilizados em pedras que teriam sido contrabandeadas pelo primeiro morador da casa. Os fósseis possuem milhões de anos. Nas salas majestosas da casa pode-se perceber claramente o estilo colonial, seja no mobiliário brasão do primeiro dono esculpido no encosto das cadeiras de madeira, seja no suntuoso teto de madeira que recobre a casa. Nessas salas podemos encontrar ainda enormes mesas redondas, também de madeira, centro de muitas reuniões militares entre seu primeiro dono e outros militares. As portas da casa são de mesma onipotência, enormes e com um design que refletem aquela época.


Paredes com fósseis


Detalhe do Fóssil


A CAPELA DE SÃO BENEDITO



Ao lado de casa há uma capela, comum nas moradas do período colonial, que tem um sino de níquel e bronze banhado em ouro. A capela é toda em estilo do século XVIII revestido por azulejos em alto relevo nas cores azul, amarelo e branco. Dentro da capela, percebemos o altar em estilo barroco que guarda inúmeros santos de diversas providências. 

Do lado esquerdo da capela existe um púlpito (tribuna de onde o padre antigamente celebrava as missas), suspenso à 1,50m do chão. As paredes internas da capela eram revestidas com os mesmos azulejos que a recobre externamente, mas a ação de saqueadores degradou todo a estrutura. D. Virginia na tentativa de restaurar essa parte da capela refez, em cimento os azulejos porém, veio a falecer, em 2003, antes que pudesse terminar o seu trabalho que permanece inacabado.


Detalhe do Altar-Mor da Capela de São Benedito, no Sítio Piranhenga

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II PARTE EM BREVE...