sexta-feira, 24 de junho de 2011

BONS TEMPOS AQUELES...

Não sei o que se passa com os da minha geração... todos querem, pelo menos uma vez na vida, reviver um dos doces dias dos anos 80... Eu, pelo contrário, os reviveria todos, por pelo menos 15 razões:


Naquele tempo, em Abaetetuba...


1 - Tomar refrigerante de garrafa de vidro era um requinte exclusivo para poucos; Quando comprávamos ou era para festinhas de aniversário com os seus amigos da rua (Você conhecia a todos, e todos te conheciam.), ou para as recepções caseiras, ou ainda para as pouquíssimas festas que podíamos frequentar (15 anos na Assembléia Abaetetubense, no Vênus ou Tietê) ou ainda no Natal, Ano Novo... Fazíamos tudo para que sobrasse pelo menos uma garrafa para o outro dia.




2 - Roubar jambo do cemitério era uma obrigação moral para os meninos!


3 - Tomar banho às 17h para passear na praça às 18h e voltar para casa às 18:30h, isto se você não encontrasse com aquela turminha batendo uma bola... fatalmente você voltaria para casa todo sujo, às 20h e tomava um belo esculacho... No outro dia, nem pensar em praça.


4 - O pipoqueiro da Praça era mais que um simples pipoqueiro, era um showman! As crianças o veneravam e ainda mais porque víamos aqueles bonequinhos a pular junto com as pipocas na vitrine daquela máquina saudosa... Hoje ele está na Praça da Conceição.


5 - Maçã do Amor, Pescaria e outras diversões de arraial eram ansiosamente aguardadas, todos os anos... Eu ainda guardo alguns brindes de pescaria. No entanto, Barquinha era completamente vetado... depois que introduziram brinquedos mecanizados, a barquinha perdeu o glamour e a periculosidade... Que contraditório, não?


6 - Ao meio dia e às seis da tarde, ao badalar os sinos da Igreja Matriz, sabíamos que começava a tarde e começava a noite, respectivamente. Relógio era para os mais velhos... o tempo, para nós, era uma grandeza que tinha pouco valor e a vida era vivida intensamente e em toda a sua plenitude.






7 - Levar a namoradinha para tomar sorvete na Sorveteria Iracema era um programa altamente romântico... Eu, como bom saudosista, ainda faço isso, sempre que posso. Adoro aquelas fichinhas coloridas. O sorvete não era servido no cascão ou na casquinha, era no cartucho...





8 - Da mesma forma, para os mais velhos, os Coretos era o melhor sítio para seus sonhos de amor, e eventuais desilusões.


9 - Ainda, na Praça da Conceição, lendas urbanas indicam que parte da população surgiu de encontros furtivos por trás da Igreja Matriz, na Tv. Padre Luiz Varela.








10 - O Tacacá da D. Meranda era sagrado na esquina da Barão do Rio Branco com a Pedro Rodrigues. Não estávamos nem ai se ele vinha com a poeira e fuligem dos ônibus da Rodomar, nem tão pouco nos importávamos com os odores que exalavam dos banheiros da estação que hoje foi ocupada por uma farmácia...


11 - Ainda assim, quando passava um cortejo fúnebre, todos nós ficávamos de pé, em respeito aos enlutados... e com medo porque nossos avós diziam que se não ficássemos de pé, o morto nos assombraria à noite.


12 - Comprar pão era ou no Mariozinho, ou na Suburbana, ou ainda na Anjo da Guarda ou no Seu Nestor. Comprar o rancho da semana era no Supermercado Figueiredo, no Mercantil Ribeiro, no Supermercado Mariozinho (o mesmo do pão, mas em outro endereço) ou talvez no Supermercado Conceição. Mas o que todos gostavam mesmo era da efusiva e colorida feira, nosso famoso Beiradão!






13 - Transitar pela cidade com as bicicletas era pacífico. Ganhar uma era a glória... fazer corrida com elas na D. Pedro II era loucura! Hoje, só as motos... nem sei como se anda nisso! Ainda cheguei a ver corrida de batalhadores, valendo prêmio!


14 - Os sucessos da parada eram ditados pelos Sonoros Copacabana, bem como os plantões de ultima hora...  Ser elogiado no ar, então, era a coroação! Ali era audiência certa!


15 - Enfim, antes de nos recolhermos em nossas casas, para brincar em nossos Ataris, ou ainda para assistir aos desenhos em fita VHS do Video Clube,(para os que tinham a grandeza de possuir um Videocassete) ou talvez para planejar nossas peripécias para o outro dia, uma repassada nas lições, copiadas à lápis, ou à canetas Faber Fix, Kilométrica ou Compactor 07 naquele enorme Caderflex vermelho, era obrigatório. Depois, poderiamos deitar, cansados e estafados, porém felizes, vivendo um tempo que era de dificuldades, de caminhos pedregosos, mas que daríamos tudo para voltar até lá.



quarta-feira, 15 de junho de 2011

O SÍTIO PIRANHENGA - São Luis do Maranhão


Aspecto do acervo artístico do Sítio Piranhenga


Datado com mais de 200 anos, e uma área de aproximadamente 42 ha de preservação histórico, cultural e ambienal, o Sítio Piranhenga conta com um incrível acervo de peças que exalam história e cultura. São imóveis, azulejos coloniais, escadarias e construções hisóricas que levam o visitante a se transportar para uma época em que a vida passava devagar junto com o vai-e-vem das marés.

O primeiro proprietário do local foi o senhor de escravos José Clarindo de Souza, falecido em 2 de julho de 1863. A propriedade foi quase inteiramente construída por mãos escravas restando ainda muitas de suas marcas, como uma senzala próxima às margens do rio Bacanga. Antes de falecer o senhor José Clarindo deixou a posse do Sítio para seu neto, Luís Eduardo Pires, pois o seu único filho havia fugido com uma de suas escravas.

Luís Eduardo Pires fundou no local uma fábrica de cal (a partir da casca do sarnambi) provocando algumas alterações no Sítio, como transformar a senzala em um depósito para a produção de cal. O cal produzido era levado por ele para ser vendido em outros locais como Manaus (AM) e Belém (PA). Com o lucro das vendas, ele comprava madeira de boa qualidade nesses locais para terminar de construir o Sítio. Diz-se até que as melhoes madeiras chegadas ao Maranhão nessa época foram trazidas pelo senhor Luís Eduardo Pires.



Uma das caieras do Sítio 

Após sua morte em 1939, o Sítio entrou em abandono, ficando sujeito a saques e vandalismos e à degradação da natureza. No entanto, em 1941, um casal sobrevoando a ilha de São Luís, avistara o sítio e decidira comprá-lo. Tratava-se da arquiteta e artista plástica D. Vírginia e seu marido o francês Gean.

D. Vírginia introduziu no Sítio a arte mosaica restaurando muitas de suas partes e acrescentando caracteristicas novas ao local. Ela decorou o interior da casa com azulejos encrustados de conchas e de peças de louças que ela mesma quebrava ao ganhar de seus amigos, para confeccionar uma lateral da casa apelidada de "amigos de Virginia".


A parede "Amigos de Virgínia"


Em um dos cômodos encontramos peixes e outros animais aquáticos fossilizados em pedras que teriam sido contrabandeadas pelo primeiro morador da casa. Os fósseis possuem milhões de anos. Nas salas majestosas da casa pode-se perceber claramente o estilo colonial, seja no mobiliário brasão do primeiro dono esculpido no encosto das cadeiras de madeira, seja no suntuoso teto de madeira que recobre a casa. Nessas salas podemos encontrar ainda enormes mesas redondas, também de madeira, centro de muitas reuniões militares entre seu primeiro dono e outros militares. As portas da casa são de mesma onipotência, enormes e com um design que refletem aquela época.


Paredes com fósseis


Detalhe do Fóssil


A CAPELA DE SÃO BENEDITO



Ao lado de casa há uma capela, comum nas moradas do período colonial, que tem um sino de níquel e bronze banhado em ouro. A capela é toda em estilo do século XVIII revestido por azulejos em alto relevo nas cores azul, amarelo e branco. Dentro da capela, percebemos o altar em estilo barroco que guarda inúmeros santos de diversas providências. 

Do lado esquerdo da capela existe um púlpito (tribuna de onde o padre antigamente celebrava as missas), suspenso à 1,50m do chão. As paredes internas da capela eram revestidas com os mesmos azulejos que a recobre externamente, mas a ação de saqueadores degradou todo a estrutura. D. Virginia na tentativa de restaurar essa parte da capela refez, em cimento os azulejos porém, veio a falecer, em 2003, antes que pudesse terminar o seu trabalho que permanece inacabado.


Detalhe do Altar-Mor da Capela de São Benedito, no Sítio Piranhenga

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II PARTE EM BREVE...

domingo, 12 de junho de 2011

SÃO LUIS - MA

Não é a toa o que dizem desta cidade: sua alma, expressa nos casarões, nas tradições, no folclore e na alegria de seu povo, a transformam em uma das mais belas e expressivas capitais brasileiras. São Luís é, antes de tudo, símbolo da ocupação francesa no Brasil, ao que todo o legado cultural ficou para premiar-nos com as mais belas manifestações artisticas, arquitetônicas e de toda a sorte de manifestação popular.

Enquanto estou em trânsito, aqui por São Luís, guardarei mais informações, e assim que chegar à Belém - PA, reservarei um tempo mais tranquilo para postar grandes descobertas. Aguardem. Por hora, segue aqui uma amostra grátis!

Viva São Luís do Maranhão! A Jamaica Brasileira!


Margens do Rio Bacanga, em São Luis - MA, na propriedade Sítio Piranhenga, antiga área de fabricação caieira, desde o período escravagista no Brasil.


Aspecto de um forno de produção de Cal, no Sítio Piranhenga (São Luis - MA), mais ao lado a antiga senzala, construida no séc. XVII.