segunda-feira, 3 de outubro de 2011

IMPRESSÕES PESSOAIS

CIDADE DE ABAETETUBA

Geralmente, considero-me um brasileiro cosmopolita. Dos lugares que visitei, ao longo de todo o território nacional, pude aprender lições maravilhosas, conhecer locais aconchegantes, pessoas amigas e sobretudo desfrutar de tudo o que há de bom dentro das léguas patrimoniais de minha pátria. Muito embora ferva em meu sangue o DNA lusitano, mesclado com resquícios espanhóis e semitas, herdo por legado a missão de defender, proteger e enaltecer os valores de minha nação. 

Há quem julgue que a disposição do ser humano em honrar o rincão natal é fruto de seu apego mais profundo à terra que lhe deu os primeiros alimentos e, em se tratando de amazônidas, eis que somos, como povos não migradores, resignados à vivermos sob quaisquer condições, sob a densa e misteriosa floresta, tal sentimento é bem mais forte. Hoje, não mais pisando o solo que me proporcionou as incipientes luzes da vida, percebo que a força, o magnetismo e a exuberância do espírito que vive em mim, em relação às coisas de minha terra, falam mais alto. Percebo também que somos mais aquilo que somos quando estamos distantes de onde somos ou onde estivemos um dia. E isso rejuvenesce nosso patriotismo de maneira singular, não piegas, porém com emoção. 

Dói, ainda que sem grandes sofrimentos, as milhas de distância, a saudade das simplicidades domésticas, os privilégios incomuns da casa que lhe acolhe desde os primeiros momentos de vida, do povo que o saúda sem a indiferença do que é estranho nem a desconfiança do que é novo. Isso é o brasileiro! Sentir a terra querida sob a palma de seus pés é refrigério, é prazer, é contentamento... Gozar das singularidades e das coisas que lhes são peculiares é bem de valor impagável! 

Hoje, particularmente este dia, escolhido à revelia de datas oficiais, celebro minha terra natal, meu rincão mais precioso, meu berço afetuoso e destinado à me proporcionar dores e delícias, sonhos e pesadelos, doçuras e amarguras, sorrisos e lágrimas, prazeres e sofrimentos, vida e morte. Celebro, ainda que na imaginação, os momentos cruciantes em que a Nau de Monteiro penetrou estas águas, irreverente, porém assombrada da fúria imparcial que só elas possuem. Celebro os primeiros líderes, os primeiros cidadãos, os primeiros sonhos, as primeiras conquistas e decepções politicas e sociais. Celebro a pujança econômica, nascida nos braços de um povo trabalhador, bem ao seu estilo. Sinto como se um espírito novo, como que brotado dentro de corações sensíveis, invadisse indistintamente a todos aqueles que respiraram seu primeiro ar ao sabor do açaí mais puro, banhado pelas águas barrentas do Maratauíra e que há de transformar, renovar, acender, criar e impulsionar!

Renovo as esperanças para que não só este dia, mas qualquer outro, da mesma forma como a mim, chegue a qualquer outro... 

Celebro Abaetetuba, simples assim. Sem razão ou justificativa. Simples, assim...